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Caetano Veloso critica lideranças evangélicas: ‘Usam a religião para atacar outros grupos


Por gospel +

Caetano Veloso critica lideranças evangélicas: ‘Usam a religião para atacar outros grupos

Foto: Reprodução

O cantor e compositor Caetano Veloso tem estado entre as principais figuras públicas que são alvo de reprovação popular no que se refere à pedofilia, já que sua esposa, a produtora Paula Lavigne, admitiu ter perdido a virgindade com ele quando tinha apenas 13 anos de idade, e ele, 40.

Em uma entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Caetano afirmou que os conservadores do país, em especial os evangélicos e suas lideranças, mente a respeito das exposições de arte que são acusadas de promover a pedofilia e/ou a sexualização precoce das crianças.

“Toda essa gente que mente cinicamente sobre exposições de arte usando a palavra ‘pedofilia’ para angariar adeptos entre os mais ingênuos, se esforça para encobrir o desejo de manter a opressão da maioria do povo brasileiro, que vive sob a mais pesada desigualdade econômica do mundo”, acusou Caetano.

O artista baiano é pai de três filhos, Zeca, Tom e Moreno, e os dois primeiros são evangélicos, frequentadores da Igreja Universal do Reino de Deus. Na entrevista, Caetano Veloso foi questionado sobre a diferença de postura em relação a esse tema, e afirmou respeitar o segmento, mas repudiar grande parte das lideranças.

“Zeca e Tom são cristãos. Moreno é religioso de modo abrangente: é do candomblé, atrai-se pelo hinduísmo, é católico franciscano e, tão ligado a Santo Amaro, não pode deixar de ser mariano. Eu não sou religioso. Mas não tenho medo da religiosidade dos meus filhos. Temos sempre conversas muito claras”, afirmou.

Caetano alega que não nutre antipatias: “De minha parte, não vejo o crescimento das igrejas evangélicas no Brasil como algo negativo. Nunca vi assim. Há um preconceito pseudo-chique contra os evangélicos com o qual eu nunca me identifiquei. Antes de Zeca e Tom nascerem eu já via programas evangélicos na TV e pensava que aquilo ia crescer e que poderia ganhar importância na caminhada do país”, alegou.

“Isso não quer dizer que eu respeite qualquer mau-caráter que pregue alguma forma de fundamentalismo ou que use a religiosidade para dominar mesquinhamente as pessoas e para agredir outros grupos”, acrescentou o artista.

Ao comentar a proposta da bancada evangélica de mudança na Lei Rouanet para que projetos que vilipendiem símbolos ou dogmas religiosos sejam barrados, o cantor disparou toda seu inconformismo com a visão de mundo oposta à sua: Os malucos dos grupos conservadores que se organizaram à sombra das passeatas de 2013 sabem que não há casos de pedofilia onde eles dizem haver. Mas pode ser que ganhem dinheiro de grupos políticos para criar pautas que una as pessoas inocentes contra artistas e museus de modo que o que mais interessa – manter o poder econômico nas mãos dos muito poucos – permaneça intocado”, acusou.

Ao final, recusou a ideia de uma curadoria para avaliar se projetos artísticos se encaixam nos termos de financiamento público: “Claro que não se pode admitir que obras sejam submetidas a censura prévia. Lutaremos quantas vezes forem precisas contra isso. Mas não esqueceremos que vencer a desigualdade campeã é primordial”, concluiu.